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Referência: LEFFA, V. J. Quando mais é menos: a
questão do produtivismo em pesquisa. In: Jonathas de Paula Chaguri; Jane
Cristina Beltramini Berto. (Org.). Pesquisas em história da educação e
linguística aplicada: novos olhares para o ensino de línguas no Brasil.
Campinas: Pontes, 2018, v. 1, p. 447-467.
QUANDO
MAIS É MENOS:
A
QUESTÃO DO PRODUTIVISMO EM PESQUISA
Vilson J. Leffa (UCPel/CNPq)
Introdução
O objetivo
deste ensaio é demonstrar a tese de que os diferentes não podem ser tratados de
modo igual. Refiro-me em especial ao modo de fazer pesquisa nas Ciências Exatas
e Naturais, de um lado, e nas Ciências Humanas, do outro. Parto do pressuposto
de que tanto as Ciências Exatas, nas quais incluo as Engenharias e a Física,
como nas Ciências Naturais, nas quais incluo as Ciências Agrárias, Biológicas e
da Saúde, podem ser caracterizadas pela ênfase na experimentação e testagem de
hipóteses. Já as Ciências Humanas, em que incluo não apenas Filosofia,
Sociologia e Educação, mas também Linguística, Letras e Artes, podem ser
descritas pela ênfase na interpretação da condição humana. A interpretação
produz um tipo de ciência que tem sido tradicionalmente classificada de
qualitativa, sem a preocupação de generalizar, mas de aprofundar o que
investiga. Já a experimentação segue uma orientação classificada como
quantitativa, com ênfase na análise estatística dos dados e a preocupação de
fazer a generalização da amostra para o universo. São dois modos opostos de
fazer ciência, mas não necessariamente antagônicos, com a sugestão de que uma
investigação deva necessariamente se encaixar em um ou outro extremo; a fusão
da abordagem qualitativa com a quantitativa é também possível, embora pouco
frequente e nem sempre recomendável (BOGDAN & BIKLEN, 1999)
Para
demonstrar e exemplificar a diferença entre a pesquisa nas áreas das Ciências
Naturais, Exatas e Humanas, seleciono para cada grande área uma subárea
específica, com foco na Saúde, na Letras e na Física, respectivamente, dividindo
o texto em três partes. Na primeira, tento caracterizar como se faz pesquisa na
área da Saúde, em que procuro demonstrar a preferência pela quantidade, não só
em termos da abordagem adotada na coleta e análise dos dados, com ênfase nos
estudos estatísticos, mas também na produção, com ênfase no número de trabalhos
publicados e na múltipla autoria. Na segunda, volto a atenção para a pesquisa
na área de Letras, destacando a preferência pelo uso da palavra, em detrimento
do número, resultando em textos mais longos, com menos trabalhos publicados e
com um número menor de autores por trabalho. Na última
parte, trago um exemplo da luta pelo poder entre as diferentes áreas,
destacando um episódio iniciado na Física para desqualificar a pesquisa feita
na área das Humanas, classificando-a de “Junk Science” (ciência podre) (HUBER,
1993), caracterizada pelo uso da linguagem empolada e manipulação dos dados.
Tento demonstrar que o fenômeno é frequente em todas as áreas, mas mais sério
nas Ciências Exatas e Naturais, pela proliferação do produtivismo (necessidade
de publicar cada vez mais em menos tempo) e pela interferência de interesses
econômicos nas pesquisas realizadas nessas duas áreas.
A
pesquisa na área da Saúde
A pesquisa na
área da Saúde, de modo geral, pode ser caracterizada por privilegiar o número,
usado não só para medir o que pode ser observado pelos sentidos e capturado
pelos instrumentos, mas também para relatar a própria pesquisa. O número é
importante e aparece ostensivamente dentro da frase para informar quantos
sujeitos foram pesquisados, em quantos grupos foram divididos, qual o
percentual de cada grupo, com parêntese que se abrem a todo momento para
mostrar inúmeros valores numéricos, incluindo mediana, variância, desvio
padrão, percentis, amplitudes, coeficientes, entre tantos outros. O indivíduo
perde espaço para o grupo. Para o pesquisador da área da saúde pode interessar
pouco saber o que um determinado sujeito pesa ou que altura ele tem; interessa
mais saber o peso e a altura do grupo a que ele pertence. Saber, por exemplo,
que o brasileiro está acima do peso ideal, pelo cálculo da média, e que
apresenta uma variação maior de peso do que de altura, pelo cálculo do desvio
padrão, é mais interessante do que verificar que o José e o João têm a mesma altura,
mas um é gordo e o outro é magro. O número não está só nas frases, mas também
ao lado do texto verbal, compondo fórmulas, tabelas, gráficos e figuras, a
ponto às vezes de ocupar um espaço maior do que todo o texto de um artigo. É
possível também encontrar publicações com páginas inteiras preenchidas apenas
com elementos gráficos. É na autoria, no entanto, que a ênfase no número mais
se destaca. Nas Ciências Naturais, ao contrário das Humanas, é muito difícil
encontrar uma publicação com um único autor; aí quem publica não é o
pesquisador, mas o grupo a que ele pertence. A ênfase na quantidade, nas
Ciências Naturais, não está apenas na coleta abundante dos dados, para garantir
a significância estatística, mas também no relato da pesquisa, mostrando números
nas frases, em tabelas, na quantidade de autores por artigo e finalmente na
quantidade de publicações.
Vejamos, como
exemplo, o currículo de um pesquisador da área da Saúde, a partir de uma busca
feita nos currículos do CNPq e tendo como critério único de escolha ser
pesquisador 1A. Os pesquisadores 1A, como sabemos, formam a elite dos
pesquisadores brasileiros, com direito a uma bolsa de produtividade, que lhes
rende uma remuneração fixa mensal que pode ser aplicada em gastos pessoais, sem
necessidade de comprovação, acrescida de uma taxa de bancada, também fixa, para
despesas relacionadas ao desenvolvimento de sua pesquisa, essa sujeita a
prestação de contas na conclusão do projeto. A concessão da bolsa de
produtividade é feita em nível competitivo entre os pares, obedecendo a
critérios estabelecidos em cada área de conhecimento, entre os quais
normalmente se incluem: o mérito científico do projeto; relevância,
originalidade e repercussão da produção científica do proponente; trabalho de
formação de recursos humanos em pesquisa; inovação, incluindo patentes;
participação em redes de pesquisa; inserção internacional; participação como
editor em periódicos científico; gestão científica e acadêmica.
Chegar a 32
artigos publicados por ano sugere, a meu ver, a aplicação de uma estratégia de
trabalho acadêmico extremamente eficiente e desconhecida pelo pessoal que
trabalha na área de Letras. Para mostrar como isso é feito, vou analisar um dos
trabalhos publicados por Salustiano, selecionado aleatoriamente dos 64 listados
no Lattes entre 2015 e 2016 (Figura 1). Mais uma vez, para resguardar a
identidade das pessoas envolvidas, troquei as letras dos nomes de todos os
autores, mas mantenho a mesma aparência gráfica do
Lattes.
Figura 1: Referência do artigo com as
letras embaralhadas
Fonte: Autor
Vou começar a
análise pelos 3 indicadores bibliométricos que aparecem na referência: JCR
(Journal Citation Reports), Web of Science
e Scopus. Esses indicadores medem os índices de repercussão do
artigo ou do periódico onde ele foi publicado, considerando basicamente as
citações feitas em outros periódicos. Alguns desses índices usam o fator de
impacto, baseado não apenas no número de citações, mas também na qualificação
dos periódicos, onde o artigo é citado, usando pesos diferentes, como é o caso
do JCR, usado para medir o impacto do periódico. O índice mostrado
na referência em pauta, cujo valor é de 5.228 no ano de 2015, está acima da
média internacional dos periódicos de qualquer área de pesquisa. Vale lembrar
também que apenas um percentual dos milhares de periódicos
publicados no planeta constam desses indexadores, a maioria dos EEUU e
do Reino Unido. Os outros dois indicadores mostram que o artigo foi citado 15
vezes no Web of Science e 12 no Scopus desde 2015, o que também
indica um valor de impacto acima da média.
Outro detalhe
que chama a atenção é o número de autores. Na contagem que fiz, de acordo com os
nomes que aparecem na referência, encontrei 26 autores, seguidos no final pela
expressão latina “et al”, indicando, portanto, que a lista ainda não está
completa. Como se trata de uma publicação em periódico do tipo “open access”,
foi possível fazer uma busca na internet para analisar o artigo, onde contei,
ao todo, 32 autores, para um artigo de 5 páginas, dando um espaço maior a
tabelas e gráficos do que ao texto verbal. Os outros textos listados por
Salustiano no Lattes seguem pela mesma linha da múltipla autoria, apresentando
muitos artigos com mais de 20 autores.
No final do
artigo analisado, há uma nota explicativa do procedimento usado para o
desenvolvimento do texto, caracterizado basicamente por uma divisão de tarefas
entre os autores, distribuídos em 6 grupos: (1) os responsáveis pela concepção
do estudo; (2) os fornecedores das amostras e dados; (3) os analistas dos
dados; (4) os coordenadores das análises; (5) os estatísticos; (6) o redator do
texto final.
Como se trata
de um periódico “open access”, as despesas de publicação correm por conta dos
autores. Nas instruções fornecidas pelo periódico consta a informação de que é
cobrada uma taxa de $1.495 dólares americanos como APC (“Article-Processing
Charge”), para as despesas de processamento de cada artigo publicado. A
contrapartida para os autores é o processamento rápido do trabalho de
editoração, às vezes em menos de um mês, considerando o período que vai desde a
submissão do texto até sua publicação online. Por ser de acesso gratuito e indexado
pelos principais indicadores, o artigo tem uma circulação que é também rápida e
facilita a citação por outros autores.
Vale também
ressaltar que a múltipla autoria tem gerado algumas críticas de pesquisadores
de várias áreas de conhecimento, incluindo os das Ciências da Saúde, levantando
questões perturbadoras de ética na pesquisa. Entre essas críticas, destacam-se
a coautoria abusiva e o fatiamento de publicações, às vezes descritos
respectivamente como o “Efeito Touro Branco” e a busca de uma “unidade mínima
de publicação”. O Efeito Touro Branco, “White Bull Effect” (KWOK, 2005) em
inglês, é uma referência a Zeus, o principal deus da mitologia grega,
representado por um touro branco, e significa uma autoria honorária concedida a
um pesquisador de prestígio com a inclusão de seu nome entre os autores do
texto para aumentar o índice de impacto. Já a unidade mínima de publicação
(SINDERMANN, 2001), “Minimum Publishable Unit” (MPU) em inglês, é o uso de um
conjunto de dados inicialmente adequado para o desenvolvimento de um trabalho
único, mas que é fatiado em vários artigos, produzindo o que tem sido chamado
de “publicação salame”, uma prática frequente na área da Saúde (BROCHARD;
BRUN-BUISSON, 2007). A causa aparente da coautoria abusiva e do fatiamento de publicações
tem sido a pressão para publicar cada vez mais, o que não só levou a morte do
autor único (GREENE, 2007, PIERRO, 2015), mas também ressignificou o antigo
“Publish or perish” (publique ou pereça) para o atual “Publish together or
perish” (publique junto ou pereça). Ciência deixou de ser apenas ciência
publicada para ser também ciência publicada em grupo.
Uma
consequência do fatiamento de publicações e da múltipla autoria é a facilidade
da formação de redes de autores que se citam mutuamente. O que seria
originalmente um único artigo de um único autor pode ser fatiado em 10 artigos
com 20 autores cada um, processo que por si só é capaz de produzir uma rede de
200 autores. A conexão desses autores com outros pesquisadores e a rapidez na
editoração e publicação dos artigos logo amplia a rede até cobrir todos os que
trabalham com o tópico em pauta, provocando um efeito cascata, que multiplica
rapidamente os índices dos indicadores.
Em resumo, a
produção científica da área da Saúde destaca-se principalmente pela quantidade,
desde as etapas iniciais da pesquisa até a publicação dos trabalhos.
Inicialmente nota-se a capacidade dos pesquisadores em coordenar inúmeros
projetos que se estruturam em rede com outros projetos, favorecendo a
distribuição das tarefas, o fatiamento dos temas com a multiplicação de artigos
de pequena extensão e a inclusão de inúmeros autores por artigo. A divisão de
tarefas continua na produção do artigo, resultado de um trabalho coletivo bem
organizado, desde sua concepção até a redação final do texto. Finalmente, para
a publicação, os pesquisadores optam pelo acesso aberto online, que implica
gastos de editoração, relativamente elevados para os autores, mas traz a
vantagem de ampliar e acelerar o processo de divulgação com altos índices de
impacto nos indicadores internacionais. O trabalho em equipe ajuda a diluir os
gastos de publicação, trazendo vantagens a todos, dividindo o trabalho e
somando os resultados. Na contabilidade da produção científica atual, quando 32
autores se reúnem para publicarem 32 artigos em um ano, não temos um artigo por
autor, mas 32 artigos para cada pesquisador.
Vejamos agora
o que acontece na área das Humanas, representada aqui pela subárea da Letras.
A
pesquisa na área da Letras
O texto
interpretativo, característico das Humanas e da Letras, é de mais difícil
elaboração, exigindo mais do autor, que via de regra
trabalha sozinho e produz textos mais longos, com ênfase no uso da palavra, com
pouco ou nenhum espaço para a inserção de tabelas e gráficos. As Ciências
Humanas, pela sua natureza especulativa, com base na reflexão, apresentam uma
ausência generalizada de figuras e imagens, facilmente verificável ao se
folhear as publicações da área, onde é comum encontrar livros e periódicos
completos, sem uma única ilustração gráfica. As figuras, quando usadas, têm por
base a própria língua, figuras feitas de palavras, para reforçar a forma de
expressão do autor. A preferência exclusiva pela linguagem verbal, avessa ao
apelo de outras modalidades de expressão, associada ao texto mais longo, e
principalmente à necessidade de ser original em conteúdo e forma, torna o
trabalho do humanista mais difícil e lento. A dupla pretensão de dizer o que
ainda não foi dito e de dizer o já dito de forma diferente, inviabiliza a produção
em série de artigos científicos, como acontece nas Ciências Naturais. O
pesquisador humanista aceita o desafio de escrever com estilo, mas paga um
preço caro por isso, porque tem que escrever bem, a ponto de ser capaz de
rejeitar as críticas que lhe são imputadas. Até Morin (2004, p.29) sentiu a
necessidade de defender seu estilo pessoal de escrita, afirmando: “É,
realmente, aquilo que mais me censuram, dizendo-me que um discurso que pretende
ser ‘científico’ não deve utilizar imagens e metáforas. Mas eu gosto das
metáforas e das imagens”. Não é fácil trazer o novo de forma nova, como faz
Morin, trabalhando não só o conteúdo, aquilo que está sendo dito, mas também a
expressão, recriando a própria língua, a ponto de dar novos sentidos às
palavras: “O pensamento só pode desenvolver-se combinando palavras de definição
muito precisa com palavras vagas e imprecisas, extraindo palavras do sentido
usual para fazê-las rumar para novos sentidos”. (MORIN, 2012, p. 37-38).
Para
exemplificar como se faz pesquisa na área das Humanas, escolhi um exemplo da
área de Letras, também um pesquisador 1A do CNPq e também
de modo aleatório, tendo encontrado uma pessoa do sexo feminino, a quem darei o
pseudônimo de Lis. Lis concluiu seu doutorado na década de 1970 em uma universidade
da Europa, trabalhou até a aposentadoria em uma universidade pública estadual e
é atualmente professora e pesquisadora de uma universidade privada do interior
do Brasil. Tem 6 projetos de pesquisa em andamento; é membro do corpo editorial
de 14 periódicos, sendo 5 internacionais. Tem 2 artigos completos publicados
nos anos de 2015 e 2016, um no Brasil e o outro no exterior, os dois em língua
portuguesa. Nesse mesmo período (2015-2016), publicou 8 livros e 3 capítulos de
livros. Durante sua vida acadêmica, participou em 108 bancas de mestrado e 66
de doutorado. Orientou 47 dissertações de mestrado e 42 de doutorado. De todos
os artigos publicados em mais de 40 anos, num total de 111, tem 6 citações no Scopus
e 1 no JCR, este com fator de impacto 0,0, significando que embora
indexado, o periódico onde o artigo foi publicado, não chegou a pontuar. É
também interessante observar que desses 111 artigos, apenas 2 são em coautoria;
todos os outros são publicações individuais. Outro detalhe que chama a atenção
é número de conferências e palestras, superior a 300.
A falta de
dados bibliométricos é normalmente atribuída à não indexação da grande maioria
dos periódicos da área de Letras junto aos indicadores internacionais mais
reconhecidos como o JCR, ficando restritos ao Google Acadêmico e ao
SciELO. Em um levantamento informal que realizei nos 15 periódicos da coleção
SciELO na área de Letras, nenhum está indexado no JCR. Dos 15, 3 possuem
o indicador SJR, 9 informam o índice e a mediana do Google Acadêmico e 6
apresentam apenas o SciELO, considerado pelos pesquisadores de outras áreas
como “indexador de pobre”, conforme trabalho publicado por Beall (2015) sob o título “Is SciELO a publication favela?”.
Em contraponto
às duas grandes preocupações da área da Saúde, incluindo a citação mútua de
textos e a atualidade da bibliografia, esse cuidado parece não existir na área
de Letras, principalmente na Literatura, conforme um levantamento feito por
Ginsburg (2014). O percentual de artigos de periódicos citados chega a apenas
7,5%, contra 92,5% de livros ou capítulos, o que leva o autor a ponderar:
Revistas
acadêmicas são muito importantes em sistemas de avaliação desenvolvidos por
agências de fomento à pesquisa. Pesquisadores são encorajados a publicar em
revistas com conceito A1. Quando escrevem seus ensaios, eles escolhem citar
livros e capítulos de livros, em uma frequência muito maior do que periódicos.
É estabelecido um antagonismo: a mesma comunidade acadêmica que trabalha com
dedicação por suas revistas não as cita com a frequência esperada. É possível
perguntar então: para quem os pesquisadores estão escrevendo? (GINSBURG, 2014,
p. 10).
O desinteresse
dos autores em aumentar os índices de citação está também refletido na idade da
bibliografia citada. Ainda, de acordo com o levantamento de Ginsburg, dos dez
autores mais citados nenhum está vivo, embora alguns deles tenham tido uma
existência longa, como Antônio Cândido, que faleceu com mais de 90 anos. Na área
da Saúde, a citação é feita para aumentar os fatores de impacto, justificando o
interesse em citar autores vivos e atuantes, que possam citar de volta. Na área
da Letras, ao contrário, a citação é feita principalmente para sustentar e
reforçar a argumentação; em alguns casos possivelmente até para mostrar
erudição, buscando e recuperando autores desconhecidos ou pouco citados. O
Quadro 1 apresenta os autores mais citados e a data de falecimento, todos
conhecidos não só pelo pessoal da Literatura, mas também pelo da Linguística e
Linguística Aplicada.
Quadro 1: Autores mais citados na área
de Letras
Nome |
Data de
falecimento |
Antonio Candido Gilles Deleuze Jacques Derrida Jean Baudrillard Michel Foucault Mikhail Bakhtin Roland Barthes Roman Jakobson Stuart Hall Walter Benjamin |
2017 1995 2004 2007 1984 1975 1980 1982 2014 1940 |
Fonte:
Autor, com base em Ginsburg (2014)
Em resumo, sob
qualquer aspecto que se queira considerar, dá para perceber que há duas
maneiras bem diferentes de fazer e relatar pesquisa entre as áreas da Saúde e
da Letras. Essas diferenças envolvem desde a concepção do que é pesquisa até a
publicação final do texto. Na Letras, o autor tende a trabalhar sozinho, de
modo aparentemente mais criativo e certamente mais lento, como se fosse um
escultor do texto, trabalhando cada palavra para dar ela a melhor forma
possível, estendendo-se em textos mais longos para ir fundo em sua reflexão.
Ressalte-se que embora não esteja escrevendo um texto literário, às vezes
confunde-se com ele pelo uso constante de metáforas e outros recursos de
estilo. Daí sua preferência pela língua materna, sobre a qual tem um bom
domínio, podendo se expressar com mais força. Preocupa-se mais com o impacto
que gera no leitor do que com aquele que possa gerar nos indexadores. É mais
afeito ao uso das palavras do que de gráficos, imagens e números. Às vezes
investe recursos financeiros para publicar, mas às vezes também ganha direitos
autorais pelo que publica. Não é contrário ao trabalho coletivo, mas prefere
resguardar seu espaço de criação, o que explica sua opção por capítulos de
livros, em que compartilha o espaço com outros, mas preserva a responsabilidade
pelo que cria, sem fazer da pesquisa uma linha de montagem multiautoral.
Os dados
mostrados e exemplificados nos dois currículos não podem ser generalizados para
todos os pesquisadores das duas áreas: tanto na Saúde como na Letras haverá
sempre alguns traços da outra área. Há autores na Letras que às vezes optam
pela coautoria, como há autores na Saúde que às vezes elegem uma publicação
individual. O que mostrei são tendências, ainda que tranquilamente
representativas das duas áreas. O Quadro 2 mostra essas duas tendências.
Quadro 2: Principais diferenças entre
Saúde e Letras
Área da
Saúde |
Área de
Letras |
·
Autoria coletiva ·
Publicação em periódicos ·
Língua estrangeira ·
Pesquisa quantitativa ·
Textos menores ·
Gastos elevados para publicação ·
Altos índices de impacto ·
Gráficos e tabelas |
·
Autoria individual ·
Publicação em livros ·
Língua portuguesa ·
Pesquisa qualitativa ·
Textos maiores ·
Gastos menores com publicação ·
Baixos índices de impacto ·
Texto verbal |
Fonte:
Autor
As
imposturas da ciência
Ao contrário
do que muitos podem pensar, a convivência entre as diferentes áreas de pesquisa
não é pacífica. Historicamente, como já demonstrou Kuhn (2006), a ciência só evolui
e se desenvolve criando paradigmas que são sucessivamente eliminados pelos
paradigmas subsequentes, em revoluções intelectualmente violentas que não
deixam sobreviventes. Se isso já acontece diacronicamente dentro de uma mesma
área de conhecimento, não é difícil imaginar o que pode acontecer
sincronicamente entre uma área e outra, envolvendo relações de poder, em que as
áreas dominantes impõem ou tentam impor seus padrões de pesquisa sobre as
outras. Um exemplo claro que posso trazer dessa luta, às vezes ruidosa, entre
áreas diferentes, foi o ataque violento sofrido pela área das Humanas no
chamado Caso Sokal.
Alan Sokal era
professor de Física de duas universidades, uma dos EEUU e outra do Reino Unido,
que se tornou famoso por ter publicado um artigo falso no periódico Social
Text de orientação pós-modernista, esquerdista e com uma visão
desconstrucionista da ciência, pontos ferozmente criticados por Sokal. O
artigo, intitulado “Transgressing the boundaries: towards a transformative
hermeneutics of quantum gravity” (Transgredindo as fronteiras: rumo a uma
hermenêutica transformativa da gravidade quântica) (SOKAL, 1996a), era
declaradamente uma paródia retórica de textos pós-modernistas, desfilando
argumentos incoerentes, recheado de ideias caras aos pensadores de esquerda,
bajulados com inúmeras referências. O objetivo da publicação do artigo era
provar a tese de que alguns periódicos das Humanidades, publicavam qualquer
coisa, desde que se mantivesse na linha do pensamento de esquerda e citasse
autores esquerdistas. Segundo o próprio autor (SOKAL, 1996b, p. 63):
Os
resultados do meu pequeno experimento demonstraram, pelo menos, que alguns
setores da esquerda acadêmica americana da moda se tornaram intelectualmente
preguiçosos. Os editores da Social Text gostaram do meu artigo porque
gostaram da sua conclusão: que “o conteúdo e a metodologia da ciência
pós-moderna fornece poderoso suporte intelectual para o projeto político
progressivo” [sec. 6]. Eles aparentemente não sentiram nenhuma necessidade de
analisar a qualidade das evidências, a coerência dos argumentos ou mesmo a
relevância desses argumentos para a conclusão alegada.
Não há espaço
aqui para descrever todo o impacto causado pelo artigo no mundo acadêmico e
principalmente na mídia impressa de todo o planeta, muitos festejando a
“divertida, mas oportuna tempestade” contra os patrulheiros contumazes,
“radicais chiques” e engajados que “pregam como ciência seus próprios
preconceitos políticos e ideológicos”, nas palavras de Roberto Campos (1996),
em artigo publicado na Folha de São Paulo. O impacto maior viria com o
livro Imposturas Intelectuais, de Alan Sokal em coautoria com Jean
Bricmont, publicado em 1997, na França, em 1998 nos EEUU e no Reino Unido, e,
em 1999, no Brasil (SOKAL; BRICMONT, 1999); sugerindo, na rápida sequência em
que acontece, que a farsa do artigo era parte de um plano maior, planejado
desde o início, para abater a área das humanas.
Questiono,
portanto, o direcionamento dado ao artigo falso: o que é um episódio único e
deveria ser apresentado como uma impostura da ciência, acaba sendo direcionado
unicamente para a área das Ciências Humanas, como se nas outras áreas não
existissem práticas condenáveis de fazer ciência. O problema torna-se mais
sério na medida em que os textos publicados sobre o Caso Sokal deixam de
abordar essa questão, fazendo acreditar que a publicação de artigos falsos é um
problema de uma única área de conhecimento. Não é bem assim, conforme vou
demonstrar a seguir, o que faço não para justificar a possível farsa, mas para
mostrar que o alvo foi atacar uma determinada área do saber, envolvendo
questões políticas e ideológicas, e não combater a impostura na ciência.
Podemos
começar com Pasteur, considerado um dos maiores e mais respeitados cientistas
de todos os tempos. Pasteur era um homem profundamente religioso (“Pouca
ciência nos afasta de Deus; muita, nos aproxima") e não aceitava a teoria
darwinista da evolução da vida, o que reforçava sua convicção de que a geração
espontânea de seres vivos a partir de matéria orgânica não era possível, como
acreditavam alguns de seus colegas: as larvas que aparecem na carne putrefeita
não vêm da carne morta, mas de outros seres vivos, como as moscas. O problema
para Pasteur é que ele, com os recursos da época, não conseguia provar sua
teoria contra a geração espontânea e seus experimentos foram invalidados por
alguns de seus colegas, o que o levou a suprimir os dados que atrapalhavam sua
teoria e a ridicularizar aqueles que o criticavam. Hoje sabemos que Pasteur
estava certo, mas por razões erradas, não de acordo com o método científico que
ele pregava (WALLER, 2004). Um dos mais respeitados cientistas de todos os
tempos deixou de ser cientista quando ignorou os dados que não lhe convinham e
deixou de ser ético quando usou de seu grande prestígio para prejudicar a
carreira de um colega.
O desvio do
rigor científico de Pasteur, suprimindo os dados que não contribuíam para a
comprovação de sua teoria, serve como uma pequena amostra do que vem
acontecendo atualmente, em escala muito maior, em todas as áreas das ciências,
configurando-se no que tem sido batizado de “junk science”. Dos inúmeros
exemplos divulgados pela academia e pela mídia nos últimos anos, vou me ater a
dois, que considero os mais representativos do problema que está sendo
discutido aqui, sendo um da Física, o “Caso Bogdanov” (POLSEK, 2009), pela
relação direta entre o estudo de Sokal e as Humanidades, e o outro das Ciências
Naturais, o “Estudo do Chocolate diet”) (BOHANNON; KOCH; HOMM; DRIEHAUS, 2015).
Tento, assim, cobrir as três grandes áreas de pesquisa e mostrar que a “Junk
Science” não é exclusiva de qualquer uma delas, sejam as Ciências Humanas, Exatas ou Naturais.
O “Caso
Bogdanov” (também escrito “Bogdanoff”) envolve dois físicos gêmeos da França,
que em 2002 publicaram mais de quatro artigos pseudocientíficos sobre o que
aconteceu no primeiro momento da criação do universo, tempo de Planck, uma
fração ínfima de segundo, entre zero e 10−43 segundos.
Os textos foram
publicados em periódicos altamente qualificados, como o Annals of Physics
e o Classics of Quantum Gravity, que incluíam em seu corpo editorial
ganhadores do Prêmio Nobel. A linguagem empolada e o estilo carregado de jargão
técnico parece ter enganado os revisores, altamente
qualificados (POLSEK, 2009), que aprovaram os textos sem restrição. A fraude
foi descoberta pelo físico alemão Max Niedermaier, demonstrando que os textos
apenas pareciam científicos, mas não tinham conteúdo, fato que não foi admitido
pelos irmãos Bogdanov, que continuaram defendendo seu direito de expor
publicamente suas ideias (BAEZ, 2006).
O
“Estudo do Chocolate diet” foi uma peça pregada por John Bohannon, em 2015,
quando sob o pseudônimo de Johannes Bohannnon, produziu várias versões de um
mesmo artigo, sozinho e com colegas, intitulado “Chocolate with high cocoa content as a weight-loss accelerator” (Chocolate com alta dose de cacau
como acelerador de perda de peso) (BOHANNON; KOCH; HOMM; DRIEHAUS, 2015).
Segundo Bohannon, o objetivo primário do texto era criticar a indústria das
dietas milagrosas, apoiada por estudos falsos que eram apresentados em artigos
acadêmicos e publicados diariamente na imprensa; o objetivo secundário era
mostrar como funciona o negócio lucrativo da publicação acadêmica paga, usando
o sistema open access, supostamente rigoroso com avaliação cega dos pares, mas
na realidade publicando textos de baixa qualidade. O artigo, com sérios
problemas metodológicos e inúmeras falhas na análise dos dados, foi enviado
para 20 periódicos open access, tendo sido aceito por 12. Foi publicado, entre
outros periódicos, no International Archives of Medicine, mediante um
pagamento de 600 euros, tendo sido aceito em menos de 24 horas e publicado em
menos de duas semanas. O estudo, pelo grande interesse do tema tratado, virou
manchete de primeira página no Bild, considerado o maior jornal da
Europa, e foi notícia em mais de 20 países, aparecendo em jornais, revistas e
shows de televisão. O próprio autor, falando sobre seu texto, garante que “os
resultados [do estudo] não fazem sentido e os benefícios alardeados pela
imprensa para milhões de pessoas em todo o mundo não têm o menor fundamento”
(BOHANNON, 2015, online). A principal contribuição de Bohannon foi mostrar a
possibilidade da influência do poderio econômico nos resultados das pesquisas,
apresentando artigos falsos como verdadeiros pela ocultação e manipulação de
dados.
Os exemplos
apresentados acima são todos casos de impostura, mas encaixam-se em duas
categorias essencialmente diferentes que devem ser destacadas. Os textos de
Sokal e Bohannon são pseudoartigos feitos de propósito para pregar uma peça no
leitor e posteriormente desmentidos pelos próprios autores. São textos que
permitem três leituras: na primeira, percebe-se todas as características
externas de um artigo autêntico, com redação impecável, escolha cuidadosa do
léxico, vazado no melhor estilo da linguagem acadêmica da área de conhecimento
a que pertence; na segunda leitura nota-se que são textos vazios, sem lastro
para garantir um sentido adequado, passando a ideia de uma brincadeira
inconsequente, feita apenas para pregar uma peça no leitor; por fim descobre-se
que os pseudoartigos têm objetivos muito sérios e que estão sendo usados como
um instrumento para atacar uma outra área de conhecimento ou o uso da ciência
para fins escusos. Já os artigos de Pasteur e dos irmãos Bogdanov
são apresentados como textos sérios e defendidos como tais pelos seus autores,
exatamente como acontece com inúmeros outros textos publicados diariamente em
todos as áreas, com o perigo de passarem totalmente desapercebidos. Muitos
apresentarão resultados totalmente inócuos e não causarão sérios problemas para
a população, mas outros poderão matar pessoas; não se pode garantir que
leitores das reportagens publicadas na imprensa com os resultados falsos dos
estudos sobre o chocolate não tenham adoecido. Ao longo da vida já passei por
períodos em que o ovo de galinha foi alternadamente recomendado, condenado e
novamente recomendado. Já li pesquisas recomendando o consumo do café, da carne
vermelha e até do álcool, ao lado de outras condenando o consumo do chá-verde e
do leite. Com um pouco de paciência, acredito que seja possível comprovar uma
relação estatística significativa entre a recomendação de um determinado
alimento, com base em estudos científicos, e o aumento de sua produção em
alguns setores da indústria. Em outras palavras, no momento em
que estiver sobrando tomate no mercado, a imprensa começa a mostrar
estudos científicos sobre suas vantagens no combate ao câncer.
Considerações
finais
Não é o tipo
de ciência (Humanas, Naturais ou Exatas), nem o prestígio do cientista que vai
garantir a conduta adequada na produção da ciência (POLSEK, 2006), como sugere
o texto de Sokal, sobre as imposturas intelectuais. Junk science está
amplamente distribuída por todas as áreas, com uma concentração aparentemente
maior nas Ciências Naturais, principalmente na área da Saúde, por sua
importância econômica e as relações que mantém com grandes empresas do setor
alimentício e farmacêutico, por exemplo. Um pesquisador na área da Letras não
teria condições financeiras de publicar mais de 30 artigos por ano, pagando,
sozinho, mais de 1.000 dólares pela publicação de cada texto, como acontece na
área da Saúde.
Na grande área
das Ciências Humanas e, com mais certeza, na subárea da Letras, não temos
interesse e nem condições de adotar os elevados níveis de produtivismo das
Ciências Naturais e das Exatas. Eu e muitos de meus colegas não teríamos
coragem de passar pelo vexame de submeter um artigo de 5 páginas com mais de 30
autores. Acredito que nenhum periódico da área o aceitaria, esclarecendo-se, a
propósito, que alguns não aceitam trabalhos com mais de 3 autores. Temos uma
restrição arraigada ao “Efeito Mateus” (MERTON, 1968), adotado pelas outras
áreas, segundo o qual quantidade gera mais quantidade. Acreditamos que isso não
é válido quando comparamos qualidade com quantidade. Aí mais é menos: quanto
mais quantidade, menos qualidade.
Nós das
Humanas e da Letras precisamos também ser avaliados pela nossa produtividade e
acho até que somos muito complacentes neste aspecto e devemos nos preocupar
mais com o impacto daquilo que produzimos, não só no leitor, mas também na
repercussão dos indicadores; somos, no entanto, diferentes das Ciências Naturais
e da Exatas e não podemos ser tratados do mesmo modo. Seria injusto dar a um
capítulo de livro, com mais de 15 páginas e escrito por um único autor, uma
pontuação inferior a um artigo de poucas páginas publicado em periódico pago e
produzido por dezenas de autores. Quanto mais produtivismo, menos qualidade.
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